quinta-feira, 2 de junho de 2011

E todos fala errado?



Você está tomando #BonsDrink? Ouviu dizer #todosChora? E #todosCanta?

Então, você está por dentro da linguagem de sucesso da internet: os memes! Em 1976, Richard Dawkins criou o termo que representava a evolução cultural. Podem ser sons, desenhos, línguas ou o que seja, aprendido e facilmente propagado. Mas esses memes vêm chamando atenção e causando certo desconforto para algumas pessoas pelo fato de distorcerem o português correto e serem usados no cotidiano e em várias ocasiões. Nas redes sociais, já aparecem movimentos de repúdio aos memes que alteram o português, principalmente aqueles que aparecem com o tempo verbal errado ou conjugações verbais equivocadas. Uma das campanhas mais recentes é a “Salve os plural!”.


Mas o que um especialista e defensor da língua portuguesa pensa sobre esse tipo de linguagem? Maria de Lourdes Ramalho, especialista em línguas neolatinas, e estudiosa da língua portuguesa, nos apresenta sua opinião quanto a esse tipo de meme:

OBD: Maria de Lourdes, o que você acha dessas expressões? Acredita que podem se sobrepor ao português correto e tornarem-se habituais?


Maria de Lourdes: Como você sabe, a língua é uma das possibilidades que o ser humano tem para se comunicar e que a utiliza nas mais diversas situações. No trabalho, no lazer, no convívio social, na aquisição de novos conhecimentos, na manifestação de sentimentos, a língua está presente. Ela oferece condições de estabelecer contatos, os mais diversos. Para que isso seja possível, é necessário que exista uma estrutura básica para manter a unidade do sistema e torná-lo capaz de cumprir sua função comunicadora. É importante lembrar que a língua é dinâmica, sofre uma modificação, condicionada ao tempo e espaço e às leis de evolução linguística. Não falamos hoje, ou escrevemos, como em 1400, mas, observando essa mudança, podemos acompanhar e perceber as razões que explicam as modificações linguísticas .
Quanto aos “memes”, considero-os como formas de expressão descontraídas, descompromissadas com normas ou padrões, cujo objetivo liga-se mais ao querer inovar, ser diferente, ou até mesmo irreverente, para caracterizar a individualidade de certo grupo, criando uma “linguagem” própria, passsageira (acredito) e que, no caso, atenda a uma agilidade própria do tempo presente.
Quanto à Língua Portuguesa, essa é uma língua de cultura, em que nos expressamos habitualmente, assim como escritores, poetas, pesquisadores, cientistas, juristas, jornalistas num universo de mais de 250 milhões de falantes, espalhados pelos cinco continentes. Essa língua, hoje idioma oficial de oito países, nascida há mais de oito séculos na parte setentrional mais oeste da Península Ibérica, é que nos permite pronunciar as mais doces expressões de carinho, assim como lutar pelos nossos direitos e exigir a nossa liberdade de viver com respeito e dignidade.

By Gabi Santos


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